sexta-feira, 1 de março de 2013

Saiba

Você ainda não sabia
Que aquele beijo de despedida podia dizer muito
Mas não pretendia dizer nada

Você ainda não sabia
Que cada noite mal dormida ou sonho desfigurado
Não eram seu, mas meus, como cada manhã renovada

Você não podia ter ideia
De que cada gesto generoso
Carinhoso ou pretensioso
Eram só minha personalidade e não a paixão que jamais senti.

Você não acreditava
Que a gente havia passado, sem sentido, por acaso, por fim.

A culpa não era sua, não era minha.
Culpa era tudo o que não tínhamos, afinal

Enquanto eu carregava um mar de certezas
Você trazia suas dúvidas

Onde eu estaria? Onde todo o amor que eu lhe havia dedicado se escondia, não mais se mostrava, acabara? Eu fingia, talvez? Seria o orgulho, o desespero, o destempero?

Era só o silêncio.

O silêncio que encerra os debates, que sana as tormentas, que tudo explica.

Você ainda não sabia que eu era só silêncio, e paz.
Pelo bem de nós dois.



quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Abstrato

Eu me lembro do dia. 
Era 21 de novembro.

Naquele dia tomei uma importante decisão: te apagar.

Dar um fim à marca indelével que eu acreditava que você deixara, mas saiu de mim fácil, rápido e rasteiro como o grafite vagabundo ao leve passar de uma borracha qualquer.

E o fiz de maneira serena, certa, rasteira. O fiz sem qualquer ressentimento ou raiva ou mágoa ou tristeza. O fiz com a grandiosidade de quem descarta um chiclete mascado, que perde o gosto mas que a gente, sei lá, insiste em manter na boca.

Já não tem gosto, não tem cheiro, não tem graça. Mas a gente parece precisar dele tanto, e tanto, que masca, com medo de que acabe....quando, por fim, já acabou. Devo pontuar, claro, que o fiz com a grandiosidade de grudá-lo em um guardanapo, três vezes dobrado e discretamente largado em um cinzeiro próximo. Ninguém notou.  

Parei e pensei que de certa forma, sabe, era estranho te tirar de mim tão fácil. Em uma pequena fração de tempo tirei de mim sua força e lembranças; tirei de mim a vontade de saber de você, da sua vida, dos seus gostos e até dos seus possíveis futuros ex-amores.

Era estranho porque sua importância até então era quase táctil. Sua presença era quase física, com suas formas desgrenhadas mas atraentes; com seus toques e arranhões que me doíam no escuro, enquanto eu dormia sozinha e sonhava.

E então, sem mais, você tornou-se o que era: presença figurativa, imagem abstrata.
Nuvem. Névoa. Nada.

Eu sabia que a gente sempre seria importante. A gente se amava de um jeito maluco, nos espaços mais escusos das nossas ondas cerebrais, afinal.

A gente se amava na essência do abstrato. Em um mundo paralelo, perfeito, criado por nós, quando procurávamos exatamente um pouco de nós mesmos um no outro. A gente achou. Mas era tudo muito novo, era tudo muito frágil.

Eu só me dei conta disso tudo quando finalmente tirei de mim tudo aquilo que eu achava que você significava – e antes me parecia tanto!...mas era pouco. 

E então eu te apaguei, naquele 21 de novembro.

E renasci.

Obrigada. Por tudo.



terça-feira, 20 de março de 2012

Afeitos e imperfeitos

Ele então se surpreendeu.
Porque nunca alguém antes lhe havia dedicado uma poesia.
E as palavras que ele conhecia eram feitas de expectativas e razão
Vinham de alma vazia.

E então ele se rendeu.
Porque era tudo tão simples e natural que ele sentia-se preso ao chão.
Mas no chão era ela quem pisava
Solta, de pés descalços, sem amarras, de coração.

E então ele a tomou.
Porque eram feito espelho, guerreiros, alheios a qualquer reprovação
Ela botou os sapatos, olhando-os nos olhos e teve certeza:
Ele, e o que vinha dele, não seriam em vão

E então, ele acordou do sono tranquilo
Sentiu o peso forçar-lhe as costas
O chão lhe tremer as pernas tortas.
Desejou retomar a emoção das apostas.

Ele estremeceu. Pausou. Explicou.
Ela entendeu.

Ela sabia que eram como espelho
Mas não podia refletir o que ele não era, ainda, capaz de ver
Os passos dele ainda eram duros demais pra reconhecer toda a beleza que trazia em si.
Para ele, a luta fazia sentido; não a vitória.

Ele conhecia a guerra, o peso, a força.
E ela era leveza.

De tão parecidos, tornaram-se opostos.
Imperfeitos, mesmo tão afeitos.

A vida não era perfeita, afinal.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Essa coisa de gostar...

É simples.
É leve.
Não dói, ou tira o ar, ou sufoca.
Gostar é bom.

É estar perto mesmo à distância
É saber esperar a hora certa
O jeito certo
Alguém certo

Que divida seu riso
Que acolha seus olhos
Que tema, tanto quanto você
Mas se mantenha ali..

À espera calma de um novo dia
E um novo sorriso
E uma nova palavra
E um novo abraço
E um novo silêncio

Gostar é não ter que dizer
É não enlouquecer
É desejar, admirar, imaginar
Gostar é ter.

Eu tenho.
E não tenho pressa.

terça-feira, 13 de julho de 2010

At night

I write at nights
'cause I believe in the shadows
And in memories
And feelings
And expressions
In me

I know my way
I couldn't stay
I avoid to go back again
And be the same
Over and over again

I write at nights
Just 'cause I can feel
The shadows
And impressions
Or expressions

In the end...
I write
And I search
I like
I desire
I forget
I remember
And I try

In my way

Is all about myself
All the days
And all the nights

I'm back.

terça-feira, 13 de abril de 2010

O não...ou o sim.

Não me tome de salto
Não ouse invadir meu mundo cercado por muros altos
Não venha me tirar da zona de conforto com sua insalubridade
E sua intensidade, identidade, excentricidade, sinceridade

Não me entregue esse seu sorriso que eu não vou deixar de querer
Não tente me dar o beijo que não serei capaz de esquecer
Não me faça perguntas
Nem me dê respostas

Ou venha
E derrube os muros todos, abata minha segurança
Me mostre sua essência, me queira, me tome e me carregue
Me traga sua verdade
Sua vulnerabilidade, sua vontade, sua honestidade

Mas venha logo
E se deixe inundar pelo novo e desconhecido
Dê um passo desconexo
Tome o rumo incerto
E não tema.

Eu vou junto.
Pela porta da frente ou pela escadaria dos fundos.

É só você me mostrar o caminho...

terça-feira, 6 de abril de 2010

Defina!

Disseram que sou intensa
Às vezes eu acho que sou idiota
Por outras sou da maior esperteza
Na média, pura chacota

Ou vanguarda...ou corajosa...
Ou só alguém que sente sono mas não dorme
E quando dorme não sonha
E que de impaciente, tanto sofre
Mas que no fim sempre espera

Mesmo que não saiba pelo ¨quê¨
Ou por quem, ou por onde
Mas nunca para.
Nunca retrocede.
Mas pondera.
E não se arrepende.

É...acho que sou intensa....
Ou talvez...só seja um pouco idiota...
Vanguarda, chacota, coragem, espera, sonho insone
Tudo isso. Ou só.